Conhecemo-nos uma vez, mas voltamo-nos a conhecer há bem pouco tempo… Conhecemo-nos do nada, do acaso, ao som das palavras, ao som da necessidade da música… Percorremos o mundo… Uma aquarela de sons, de intensidades, de palavras e de fantasia… Para mim, confesso, não foi nada fácil acreditar e confiar… ‘O essencial é invisível aos olhos’ e a aquarela foi-se colorindo…
Companheirismo e, da minha parte, a necessidade de voltar a acreditar que vale a pena tentar, são elementos que permitiram a aproximação… O embaraço era comum, mas a timidez era só tua… e a vontade era de ambos… Aos poucos comecei a ler e interpretar os teus silêncios… Silêncios reveladores de uma vida indefinida, a preto e branco, de receios, de sonhos, de medos… Tal como a minha…
Mas o que é belo permanece e tu permaneceste.
Conseguiste extrapolar para o imaginário e retirar-me daquele marasmo sentimental, daquela frieza esmagadora que incomodava muitos, principalmente a mim… Mais do que o desejo de te beijar, subsistia a vontade avassaladora de te abraçar e de me entregar nos teus braços, nesse teu abraço comovente, marejado de pureza e de amor…
A minha vida transformou-se como as voltas de uma montanha-russa… Cedo me apercebi que vieste para ficar… As primeiras rosas e a sensibilidade para agradar, para animar, gestos povoados de receio, de timidez e de uns olhos brilhantes que falavam (e falam) por si próprios…
Nasceu de uma brincadeira, de uma tentativa de encarar a vida de frente e pintá-la com cores diferentes do branco e do preto… Apaixonei-me por ti a partir do primeiro beijo… Conquistaste este coração de pedra, rígido pelas vicissitudes da vida…
Houve outros homens, mas não contam… Houve outros amores, mas não foram grandiosos como este… Se tu soubesses a revolução que fizeste na minha vida, mas não sabes… Se tu soubesses os sentimentos mais recônditos que provocaste em mim, mas não sabes… Se tu visses a minha face iluminada pelo teu amor, mas não vês… Se tu sentisses a saudade quando estas ausente, mas não sentes…
Hoje tens a habilidade de me levar a ver as estrelas, de me transpor para o mundo fértil dos sentidos, dos desejos, das vontades… Tenho a agradecer-te o sorriso que nasce todos os dias nos meus lábios… Agradeço-te o ombro para poder chorar… Agradeço-te a vontade incansável de te amar… Agradeço-te o carinho… Agradeço-te a Aquarela de cores com que alimentas a minha vida…
Baseado no Livro “De Cá De Dentro”
Autor: Ana Paula Mira